ONU reforça ação no Congo e prepara transferência de 60 mil refugiados…

14/11/08

A ONU (Organização das Nações Unidas) reforçou nesta sexta-feira as ações humanitárias no Congo diante da intensificação dos combates entre rebeldes, tropas do Exército e as milícias que apóiam o governo.

A organização iniciou a distribuição de alimentos para refugiados, a primeira ação de entrega em larga escala desde o início dos conflitos, em outubro, e está preparando para a próxima semana a transferência de 60 mil pessoas que estão em dois campos de refugiados no leste do país para uma área considerada mais segura.

Stephen Morrison/Efe
XSM011 KIBATI (R.D. CONGO), 13/11/2008.- Un grupo de personas intenta hacerse con algo de comida en un improvisado mercado en el campo de desplazados internos de Kibati en la República Democrática del Congo hoy, jueves 13 de noviembre. Al fondo se ve el volcán de Nyiragongo. Tropas de Angola y Zimbabue están ayudando al ejército leal al gobierno en su batalla contra los rebeldes en el este de la R. D. del Congo, según noticias publicadas hoy. EFE/Stephen Morrison.
Congoleses tentam conseguir comida em mercado improvisado no campo de deslocados

O porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), Ron Redmond, reconheceu que a transferência será difícil, porque há falta de veículos para transportar a todos. A maioria terá de percorrer a pé os 15 quilômetros até o novo campo, em uma área onde já existem outros quatro campos de refugiados. “Aqueles que não podem andar, como crianças, idosos e doentes, serão transportados em caminhões ao novo campo”, disse o porta-voz.

Desde o início da nova onda de combates na Província de Kivu Norte, há algumas semanas, cerca de 250 mil pessoas foram desabrigadas, somando-se às cerca de 800 mil que haviam deixado suas casas em combates anteriores.

A distribuição de alimentos aos 60 mil refugiados na Província deve chegar a 100 toneladas nos próximos quatro dias, disse Marcus Prior, porta voz do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) da ONU. Segundo ele, os agricultores da região perderam lavouras nas últimas quatro safras.

Na quarta-feira (12), o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, o francês Alain Le Roy, pediu um contingente extra de 3.000 soldados para o Congo. O país tem atualmente a maior força da ONU no mundo, com 17 mil soldados, mas o número é considerado insuficiente devido à extensão do país.

A Oxfam, organização humanitária com sede no Reino Unido, criticou ontem o que chamou de falha dos países em fornecer ajuda militar suficiente à missão da ONU no Congo. “Parece que não há urgência nas conversações da comunidade internacional sobre a crise, mas é uma situação profundamente urgente. O mundo está falhando em sua responsabilidade de proteger os civis inocentes do Congo”, disse Juliette Prodhan, chefe da Oxfam Internacional no Congo, citado pela rede de televisão americana CNN.

Histórico

O Congo foi palco de uma guerra que envolveu meia dúzia de países africanos entre 1998 a 2003. Afinidades étnicas e interesses na exploração das riquezas minerais do país atraíram vizinhos e mesmo países mais distantes, como o Zimbábue, a interferir na disputa pelo poder.
Angola, Zimbábue e Namíbia apoiaram o regime de Kinshasa, e Ruanda, Uganda e Burundi –este último de forma não oficial– respaldaram o rebelde Agrupamento Congolês para a Democracia (ACD).

Arte Folha Online
mapa congo
 

Após o armistício, a ACD se transformou em um partido político, com atual presença no Parlamento após eleições gerais, e suas milícias foram absorvidas pelo Exército como parte do processo de reconciliação nacional.

O atual conflito tem como protagonistas os mesmos atores locais, as antigas milícias da ACD que se integraram nas Forças Armadas da RDC, mas que só ficaram ao lado do governo até 2004.

Nesse ano, voltaram a pegar em armas contra Kinshasa quando o governo quis substituir Nkunda e outros comandantes da etnia tutsi congolesa, conhecidos também como banyamulenge, com militares de outras regiões da RDC.

Nkunda lidera cerca de 4.000 soldados, todos banyamulenges, e afirma que luta para evitar que a comunidade seja massacrada pelas tribos rivais e a milícia hutu interahamwe, acusada do genocídio de 1994 em Ruanda e que fugiu ao leste da RDC quando um regime tutsi assumiu o controle em Kigali, a capital ruandesa.

O governo tem como aliadas as milícias locais mai-mai, que defendem seus territórios de outros grupos, e também as Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR).

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